O Desafio da Escrita

A escrita é um trabalho árduo. A todo momento, um você te encara, te dizendo tudo o que és, fizestes e voltarás a fazer. Uma jornada de autodescoberta. É uma das jornadas mais fascinantes de minha vida, mas também uma das mais aterrorizantes. Nunca é igual, assim como tudo na vida, porém meu inconsciente consegue ser ainda mais implicante comigo quando estou para pôr minha criatividade em ação. Por quê? Por que tanta cobrança? A resposta curta seria que, para escrever, temos que ser uma parte ou o todo daquele documento. Temos que dar exemplo para nós mesmos e quem quer que leia, pois só assim sente-se que o texto é legítimo, honesto e recompensador de se ler.

Encaro tudo o que já fiz de mais hediondo. Os maiores crimes, os mais pesados pecados... Tudo me assola quando vejo a folha em branco. Muitas vezes o assunto não tem tanto assim a ver com o que já fiz ou irei fazer por conta de vícios, contudo, meus erros persistem em me perseguir na aventura da escrita. Como toda boa campanha, os desafios são o que tornam-na especial e única. Sem eles, não haveria porque lutar, e as recompensas seriam vazias para nós, até porque as obtivemos sem nenhum esforço. Acredito que aconteça o mesmo com a escrita. Meu desafio, e creio que a de qualquer escritor que se possa levar à sério, é de passar o que se sente e vive, passar verdades para seu público, mesmo que seja ficção. Engraçado que, muitas vezes, encontramos mais verdades na ficção do que em não-ficção... Pois enquanto alguns vão longe em busca de algo verossímil para contar, outros apenas têm fatos que querem contar, utilizando-se da ficção para expor seus sentimentos. De qualquer forma, passar o que se vive não é nada fácil porque enquanto não estamos prontos para encarar de frente a vida com nossos defeitos, somos miseráveis, vergonhosos, paupérrimos. Não há qualidade que se salve na mente de um artista que não consegue lidar com seus próprios demônios... para ele mesmo, claro (risos).

É nítido quando escrevemos algo que não acreditamos de verdade. Os argumentos e eventos narrados são fracos, sem lógica, simplesmente não aguentam nenhuma suspensão de descrença. O leitor mais atento logo percebe: isso não seria possível neste contexto. Mesmo a mais mundana das histórias cai por terra a partir do momento em que ela não é sincera, assim sendo fácil demais de se emular, difícil demais de se crer, vazia demais para se degustar. Eu, pelo menos, não consigo escrever o que não está em mim... Por isso sempre foi um desafio e tanto escrever redações escolares com temas pré-definidos e que não me tocavam com a mesma profundidade de um tema mais pessoal! Insisto para que escrevam no que creem, caso contrário, não há valor... Como ter significado algo que nem mesmo quem escreveu não tem como algo relevante em sua vida?

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